O Temazcal é um banho de vapor com uma profunda conotação espiritual.
Os vestígios mais antigos dessa prática se encontram nas zonas arqueológicas dos Maias, no México e na Guatemala, mas acredita-se que a tradição é muito mais remota e tem o objetivo de curar, limpar e purificar o corpo e a mente.
Seu uso através da história tem sido terapêutico como ritual em cerimônias.
Nessa prática, intervêm os quatro elementos:
– A Terra, onde nos apoiamos;
– O Fogo, onde as pedras são aquecidas;
– A Água, colocada sobre elas;
– E o vapor, representando o Ar.
Essa é a definição básica deste processo Terapêutico, a que traz o fundamento, a origem. Claro que tem muito mais informações se formos pesquisar, pois está inserido em um contexto cultural e histórico.
Aqui eu quero dividir com vocês a minha experiência com o Temazcal!
Bom, eu sempre ouvi falar mas, para ser sincera, não sabia que existia diferença entre Temazcal e Tenda do Suor. Acreditava se tratar da mesma cerimônia e que tinha dedinho dos Incas, Maias, Astecas. E só.
Na prática, nunca entendi exatamente como funcionava. Sempre me pareceu uma cerimônia de rito, algo para quem já tivesse sido iniciado em alguma hierarquia envolvendo estes povos.
A medicina da floresta, de forma geral, sempre me atraiu mas eu também sempre tive um olhar cauteloso para as práticas relativas a ela por conta de tanta alteração ao longo do tempo. Como se tudo que antes era natural e fluido, tivesse se tornado artificial e induzido.
Ao mesmo tempo sabia que, para fazer algo idôneo eu precisaria me aprofundar. E já são tantos caminhos que percorro na área da espiritualidade e expansão consciencial que preferi deixar para o momento certo.
Confiei, deixei fluir e então surgiu a oportunidade. No tempo e lugar certos.
No espaço onde fica localizado o terreiro de Umbanda no qual eu atuo como médium, existe uma estrutura física que comporta a cerimônia do Temazcal. Era um projeto antigo dos proprietários, que estavam aguardando as pessoas certas para conduzir, bem como tudo que envolve a concretização desta cerimônia tão especial.
Esse momento chegou e eu estava lá.
Confiar em todos os envolvidos e sentir segurança energética são as chaves para se permitir tal experiência, pois envolve seu corpo físico e seu espírito.
Temazcal não é sauna.
Temazcal não é limpeza de pele ou hidratação nos cabelos.
Mesmo que esses efeitos surjam…rs.
Temazcal é um mergulho profundo em si mesmo. Um renascimento. E pode ser suave ou muito dolorido, emocionalmente falando.
Esse mergulho profundo tem uma espécie de roteiro, uma jornada. Precisamos atravessar algumas portas (4) ao longo desta jornada e em cada sala, um aspecto individual é trabalhado através de ativações provenientes dos 4 elementos essenciais à vida (4 portas).
E é de acordo com o que estamos sentindo, vivendo, vibrando ou mesmo desejando, que estas ativações se movimentam nas pequenas salas que exploramos durante a jornada da cerimônia temazcal.
Mente, corpo e espírito.
O ritual tem início com o preparo do local, a ambientação. Uma fogueira onde as pedras serão aquecidas para preencherem o umbigo de gaia, representado por um orifício central dentro da tenda em forma de hemisfério.
Essa tenda representa o útero de gaia, Mãe Terra. É uma reverência, respeito e gratidão por nos receber, pela vida na Terra.
No interior da tenda, o condutor da cerimônia despeja a “água medicina” sobre as pedras incandescentes. Essa água contém ervas como camomila, alecrim, alfazema, etc…e suas propriedades se espalham através do vapor, acessando o campo eletromagnético dos participantes.
Cantos, tambor…e então fluem os acessos às portas da mente e do coração, do espírito e da consciência corporal.
Logo na primeira porta eu me senti bastante emocionada, coisa rara para uma escorpiana com ascendente em capricórnio e muito consciente dos processos mediúnicos.
Essa primeira porta acessa o corpo mental, portanto, tanta consciência pode ser o meu escudo. E naquele momento, esse escudo foi abaixado…eu abaixei ao me permitir ali estar.
Dali pra frente eu me entreguei ao sem bloqueios e pude experienciar um dos mais belos processos terapêutico-projecional da minha caminhada.
Ser conduzido (e não conduzir) é um ato de entrega e confiança que para nós, Terapeutas Holísticos, é bastante desafiador.
Na porta do corpo físico, um olhar profundo de respeito pela fase de amadurecimento pela qual estou passando, climatério, perimenopausa, o envelhecimento de um feminino belo que pode continuar belo se assim eu o acolher.
Na porta das emoções…uau, foram tantos acessos que só consigo ser grata e me sentir feliz por tudo que vivi, senti, e que me trouxe até aqui. Os meus guias, mentoras e mentores espirituais, as pessoas que fazem parte do meu núcleo de convivência Terra. E a percepção de que tudo está do jeitinho que deve ser me trouxe acalento e a certeza de que existe beleza no caos. E que o caos é apenas uma travessia mais turbulenta do mesmo rio que eu navego desde a minha origem.
Na porta do elemento fogo: concretização. Acredito que esta seja a porta, o acesso, mais difícil para a maioria dos participantes de um temazcal, pois ela nos mostra do que somos capazes. E parece que sempre duvidamos do nosso potencial, o que nos leva à descrença.
Para uns, esta última porta valida a caminhada e os projeta ao futuro…avançar, continuar.
Para outros, ela mostra a realidade. Doa a quem doer, no entanto, proporciona o renascimento.
Eu posso dizer que renasci em mim mesma após esta experiência. Ela coroou uma sequência de acontecimentos e ativações energéticas pelas quais eu venho passando há, pelo menos, 4 anos.
Sem dúvida é uma percepção individual, mas certamente o renascimento em vida está disponível para todos nós, humanos que buscamos a evolução de forma consciente e sem subterfúgios, sem algemas, sem muletas.
Basta se permitir e soltar.
Wilmarise Martins🪄
